sentidodovoo

para que as aves não esqueçam o voo... e as árvores não deixem de anunciar a primavera...

Seguidores

sábado, 16 de janeiro de 2016



escrevo-te. sempre te escrevi!
mesmo quando não sabia dos barcos no oceano dos teus olhos. o perfume na bainha da tua alma.
nem da saliva com que escrevias as palavras.
escrevia-te
quando as estrelas piscavam no céu caminhos onde não cabiam os meus sonhos.
chamava-te para que soubesses que te procurava
que só a tua pele podia incendiar a minha e só o teu sentir era a cadência musical
onde na seara da noite podia crescer o meu poema.

domingo, 8 de março de 2015

ser Mulher!
elas moldam o mundo com a argila das suas mãos.
semeiam a terra com as flores vermelhas do seu ciclo lunar.
espalham canções no vento que sopra nos seus cabelos.
pintam a brancura das nuvens com suspiros da alma
costuram sonhos no avesso dos dias
desenham o futuro com dedos tintos de sangue.
e porque são água. nascente. rio
os deuses matam a sede no segredo das suas fontes...
**

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

não basta ler o poema. é preciso entrar dentro dele. voar nas suas asas.
ser vela onde ele é rio. sabor onde ele é fruto. perfume se for flor.
é preciso entrar dentro dos seus olhos e chorar as suas lágrimas.
abrir-se nas suas veias. ser saliva e suor!
beber-lhe a seiva e as entranhas...
comungar do seu sangue e do seu pão.

**

quinta-feira, 29 de agosto de 2013




**

afinidades
chegou. na boca trazia o sabor do leite materno.
para trás, sem lembrança, deixou as terras pintadas a branco e verde das beiras.
fez de lisboa a sua cidade. regaço onde lhe cresceram as pernas e as mãos. tomou-a nos braços, como quem descobre os segredos de um corpo e o faz seu...
sabia de cada pedra, de cada história e mistério.
chorou ao som dos acordeons e das guitarras; dos fados arrastados nas horas de saudade e magoa.
no seu olhar voavam asas de gaivotas e o ondear espreguiçado do tejo; as saias leves que baloiçavam promessas vagas, as faces coloridas que enchiam as sombras da noite.
pontualmente, ao fim da tarde, buscava o aconchego quente e macio dos cafés. o cheiro torrado e negro, o voltear dos vultos e o abandono das conversas em surdina.
distanciava então o olhar. voltado para dentro de si e num sorriso imperceptível, perdia-se nos seus pensamentos.

dele, herdei esse ar fechado e melancólico. esse jeito de olhar as pessoas atrás do silencio. rir e chorar a vida sem que aparentemente me misturasse com ela. esconder a dor na bainha da alma e as lágrimas num pudor contido.

morreu calado e discreto na sua elegância simples e sóbria. morreu sem nunca ter perdido o vinco das calças. o nó da gravata cuidadosamente escolhida, o chapéu impecavelmente colocado.
livre e fiel a si próprio.


**

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

**

traz o teu manto de espuma e fogo.
rasgarei as águas do mar que se agiganta
com os remos que talhei no vagar de uma laranjeira em flor.
traz as mãos que aconchego em segredo
quando te desenho no veu prateado da noite
com elas estenderei as velas de renda branca
e soltarei as asas que teci para voar contigo.
então, como arco a gemer nas cordas de um violino
hei-de dizer teu nome molhado de mel e de emoção.


**

domingo, 15 de janeiro de 2012






_____ 3 anos de vida__________



estendi a folha branca em que escrevia


era fresco o mel das minhas mãos


de água os lábios que se abriam


e a lua em seu manto prateado soltava os cabelos e sorria.


as nuvens sem pudor tingiram tudo


e o sol estilhaçado fez-se em vidros.


da lava do vulcão esfumou-se a ilha


das árvores de fogo tombaram margaridas.




foto de - AlicePopkorn



***

sábado, 7 de maio de 2011



dispo-me do efémero.

da baba que segrega o licor que estala nos meus lábios a febre da tua língua.

não basta o voo anelar dos dedos. a pele que queima a pele.

a boca que desenro-la o sol...

para saciar a invisível sede da alma.


quebrado o finito ritual, onde a carne exausta se cansa

onde a lágrima se solta lenta. reflexa luz inteira e nua.

nesse lugar... onde volto à lapidar e branca serenidade de cristal

lá... silenciosamente, abro as portas ao infinito.




***

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

***



deixa que a palavra se solte. leve. livre.
caminho e alvorada.
não a rigorosa ou exacta.
a que escape da alma molhada de emoção.
a que arda na boca que a cala. mordente ou acariciante.
como fumo em espiral, ganhará o espaço.
crisálida aberta em asas ou em perfume de ouro.
gota caída em folha verde, agarrando o sol e o vento.
a quem a encontrar, ela se abrirá como sua
mas sempre desigual.
melodia composta em cada ouvido,
traje vestido em cada olhar.
golpe de harpa no coração da noite.


**

sábado, 15 de janeiro de 2011

***
assim começou esta aventura que faz 2 anos:


" na teia do sonho

vamos reconstruindo a vida..."


______________________________________________________



chegas...
enches o ar com o perfume das tuas mãos.
depois,
desdobras-te em véus e brilham pequenas conchas de sangue e sal
oiço o som das marés
e na voz secreta das areias, mil segredos que o vento abafou.
noites em que a fome dos corpos rasga o passo das horas.
então leio-te a pele
e faço dela um poema desgrenhado e louco.



__________________________________obrigada a todos que me fizeram chegar aqui

dando a sua companhia. o seu abraço. o carinho. coragem e a sua AMIZADE___________________
***

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

***



sentei-me à tua mesa,
era de ervas macias o pão que me estendias.
nos teus olhos, lia segredos do fundo do mar.

da longa travessia de sede, nasceu a água.
da fome, a febre da boca e dos lábios
e eu dançava a música que me fazias ouvir.

a pele brilhou aberta ao sol
e na brancura das salinas
todas as noites a lua adormecia.


então, dos cristais húmidos, nasceu o sabor dos dias...



***


Chove no país das fadas...

e até as árvores se esqueceram de anunciar a primavera!...


Acerca de mim

A minha foto
procura de um sentido... .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. "em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos" --A. Saint-Exupéry--